sábado, 17 de outubro de 2009

- Anoitecer.

O dia já passara, e a noite estava surgindo com uma lua inacreditavelmente maravilhosa. Uma luz no meio de toda essa imensa escuridão, é o que eu deveria dizer. De repente, senti um vazio dentro de mim, e soube que agora, eu estava sozinha. Eu ainda não havia pensado na possibilidade de medo, ou perigo, envolvidos em todo aquele dilema.
Já era tarde, e não havia mais o que fazer. Minhas entranhas estavam sendo completamente corroídas por minhas dores. Apesar de toda mágoa, eu ainda sorria, numa tentativa inútil, de fazer com que minha vida ainda tivesse algum sentido. E bem, não estava funcionando como eu gostaria.

Tudo o que envolvia Mike, era descartado de minha mente no mesmo instante. Mas meu subconsciente, incrivelmente, absorvia tudo o que era descartado. Era desagradável, mas porem, reconfortante saber que nem todas as lembranças seriam deletadas de minha mente. Agora a questão era, - Como fazer, para ficar aqui sozinha? - aquilo já estava me deixando nervosa, mas me lembrei que a casa era grande, e que eu poderia ficar por algumas semanas quem sabe. Era um bom espaço, e com variedades de paisagens, para a minha distração. Mas nada do que eu fazia ou dizia, iria conseguir tapar o buraco feito em meu coração, na noite em que ele partira.

Naquela noite, tudo o que eu consegui fazer foi admirar a noite em frente à lareira, enquanto me lembrava dos bons momentos que tivera a seu lado. Esse tempo separados, indicava algo? Será que eu não era a pessoa certa? Será que tudo não passava de um simples pesadelo, que logo que eu acordasse sufocante, acabaria em questão de segundos? Isso era algo do qual fugia de meu controle, e eu não poderia achar respostas para aquilo. Não desse jeito, não nesse estado. Minha única opção no momento, era esperar por sua volta, e saber o motivo pelo qual me deixara naquela noite.
O outono nunca fora tão longo e frio, como o que eu estava presenciando. Toda aquela angústia, misturada ás folhas secas que caiam das árvores freneticamente, me deixavam cada vez pior.

Certo dia, decidi sair da enorme casa, e admirar algumas árvores se desfazendo de suas folhas no parque, enquanto às associava a mim mesma. Tudo aquilo era muito relativo, porém, puro e significativo. Será que comparar meus sentimentos daquele momento, e todo meu caminho traçado, com as quedas das folhas secas das árvores, era certo?
Nada era certo, foi o que pensei imediatamente. Mas apesar dos apesares, tudo aquilo se encaixava perfeitamente. As árvores se livravam das folhas secas, com o intuito de que nasçam novas em seus lugares. Dando espaço a novas ‘vidas’ de certa forma. Era exatamente isso que estava acontecendo. Aquele adeus, na verdade não era um adeus, e sim um pretexto, uma forma de afeto estranha, mas de qualquer modo, gratificante.

Agora sim, eu entendia o significado de tudo aquilo. E sim, eu poderia fazer algo, as resposta estava bem à minha frente, e tudo o que eu devia fazer, era ir atrás dele. E dizer que um tempo longe, era bom, mas as respostas vieram de imediato, e que aquilo não era mais necessário. Sim, era o que eu deveria fazer, e era exatamente o que eu iria fazer. De repente todo o balsamo percorrera minhas veias e meu corpo, desinflamando todas as feridas e vestígios de dor deixados lá. Eu já podia respirar melhor, de forma que meus batimentos cardíacos acelerassem mais um pouco. Um raio de esperança corria pelos traços de meu rosto, fazendo com que no dia nublado e frio, surgisse uma fresta do sol por entre as nuvens acinzentadas daquele vasto céu. (...)

Por Bianca Zane

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